quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

anotação do dia

1. a informação é assimétrica, ou seja, distribuída de forma não homogênea entre os indivíduos. inclusive, o próprio indivíduo não tem informação completa sobre si mesmo - tanto é que muitas pessoas fazem terapia com o intuito de obter auto-conhecimento. Logo, não espere ser bem compreendido com frequência.

2. cada qual tenta melhorar sua situação, de acordo com sua concepção de 'melhor', com o mínimo de esforço possível - note que 'mínimo possível' para conseguir algo almejado é diferente de estritamente 'mínimo'.

3. o comportamento humano é essencialmente individualista. inclusive, sentimentos como comoção acontecem porque o sujeito se imagina na situação em que o seu semelhante se encontra correntemente. até o amor , segundo alguns teóricos, é um sentimento egoístico, sendo um amor por si próprio.



terça-feira, 9 de novembro de 2010

vida do dia

gostaria que ficasse registrado em algum lugar, em qualquer lugar, que eu me desmancho quando você simula aplicar golpes marciais em mim, geralmente acompanhados por uma sonoplastia genial pra qualquer criança de 6 anos. também deixo exposto, pra qualquer um que eventualmente se interesse, como me encanta quando você interpreta o gatinho me achando idiota por perturbá-lo sempre que chego em casa ou antes de dormir. deixo guardado, além, mas pra que eu mesmo leia daqui a uns anos, quanto carinho tenho por essa vida na nossa casa, mesmo que não dure 'pra sempre', e como me sinto bem acompanhado por um palito de fósforo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

lição do dia

esse fim de semana, tive uma conversa com meu pai, o qual não via há uns 8 meses, dado um desentendimento nosso. foi bom ver como o tempo proporciona uma dimensão que possibilita a reflexão e o amadurecimento sobre absolutamente tudo na vida. senti decerto, pela primeira vez, que fui ouvido como por quem dá ouvidos a quem tem alguma sabedoria, e respeitado como por quem oferece respeito a alguém digno desse. da mesma forma, retribuí. muito do que falei serviu, para mim mesmo, de lição, mas foi impressionante o que ouvi. Um adendo; alguém em um dia adverso anunciou 'conselho de pai: guarde consigo', ontem foi o dia em que isso mais me chamou a atenção. Enfim, o que meu velho - agora posso voltar a chamar, com carinho, de velho - contou, com o intuito de me fazer pensar sobre uma situação medonha por que passei, foi a seguinte historinha caricata de pai:

era uma vez (toda historia DEVE começar com essa expressão, segundo minha priminha) o fogo, o vento e a confiança. Os três estavam brincando de esconde-esconde numa área vasta e não conhecida por completo. a idéia parecia boa e inócua, até que a confiança sugeriu: seria muito triste se nós nos perdêssemos. Prontamente, o fogo respondeu: caso eu perceba que me perdi de vocês, encandearei e vocês me acharão. O vento completou dizendo que mandaria uma brisa mostrar a direção. quanto à Confiança, ela simplesmente ficou de olhos marejados e disse: se vocês me perderem, o que poderei fazer?

- parece bobo, sim?! espero que o eventual leitor reflita sobre isso caso sua confiança seja, um dia, violada, mas não por aquelas coisas pequenas da vida, as quais te deixam um pouco mais precavido, mas por aquelas que te fazem pagar pra sair do jogo.

sábado, 18 de setembro de 2010

divagação do dia

entre ontem e hoje me ocorreu uma daquelas coisas tristes-engraçadas, ou melhor, curiosas. Comecei a discordar de um proposição que havia adotado para a vida. Esta era meio que um axioma no meu universo de sentimentos, e foi tirada de um poemeto de agudeza desproporcional para seu tamanho. Chama-se 'Memória', de Carlos Drummond, e diz o seguinte: As coisas tangíveis/tornam-se insensíveis/à palma da mão./Mas as coisas findas,/muito mais que lindas,/essas ficarão.

para mim, era claro que, depois de terminados, relacionamentos conturbados pareceriam, na média, tempos de prazer e leveza surpreendentes, era óbvio que, depois de findos, aqueles períodos de labuta interminável para obter alguma coisa pareceriam menos árduos e mais gloriosos. Era indubitável que tudo aquilo que não existe mais parecesse ter dado mais satisfação do que realmente proporcionou enquanto estava lá. Tudo muito simples, até eu parar pra lembrar de uma série de fatos do último par de anos - nada de especial com os dois anos, além de propiciar uma amostra da qual posso observar lembranças com boa fidelidade e organizá-las numa linha temporal.

Bem, surpreendendo meu próprio e único senso, logo, comum, tive a desagradável surpresa de que minhas memórias não tem me agraciado com a devida maciez que a proposição sugere. Ficou a impressão de que certos acontecimentos foram até mais penosos do que mostraram ser na época. Tive a sensação de que achei, ao longo dessa busca quase científica, embora bastante subjetiva, um entulho de resíduos , com o qual, se eu pudesse fazer um mosaico, resultaria em uma espécie de 'potencializador de resguardo'. Um agente imaterial, o qual me tolhe moralmente, fazendo com que eu confie menos nas pessoas, espere um retorno menor do que o satisfatório das minhas empreitadas. Parece algo retroalimentável. Talvez seja uma profecia autorrealizável, talvez seja um grande desagrado com a forma com que as coisas se arranjam.

- cansei de escrever, talvez nem conclua isso.



terça-feira, 31 de agosto de 2010

Dialética

É claro que a vida é boa

E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...


- v. de moraes

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

angústia

abafamento, aperto, sufoco, azia, vazio, cansaço, desgosto, mosto, azedo.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

lição do dia

http://www.youtube.com/watch?v=KR1c53anCW8&feature=player_embedded (parte 1)


http://www.youtube.com/watch?v=loedrErNnQU&feature=related (parte 3)

Durante uma conversa sobre respeito e liberdade com uma grande amiga, fui levado a esse vídeo, o qual me trouxe informações novas e relevantes, diferente de muita coisa que a gente vê sobre o assunto. Não é mais uma reflexão sobre nada, vale a pena assistir.

Para aqueles 'à deriva', que eventualmente serão trazidos a esse blog, adianto que não se trata de uma apologia à homossexualidade ou à heterossexualidade, é apenas uma exposição racional e singular, nada semelhante àquelas que introduzem em nossas cabecinhas desde que somos criança, e da qual muitos, infelizmente, não conseguem se livrar.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

descoberta pessoal

Os misantropos expressam uma antipatia geral para com a humanidade e a sociedade, mas geralmente têm relações normais com indivíduos específicos (familiares, amigos, companheiros, por exemplo). A misantropia pode ser motivada por sentimentos de isolamento oualienação social, ou simplesmente desprezo pelas características prevalecentes da humanidade/sociedade.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

lição do dia

por si mesmo, o limite não é um fim, mas uma linha tênue entre o óbvio e o menos conhecido.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

lição do dia

um dia tu vais compreender que não existe nenhuma pessoa totalmente má, nehuma pessoa completamente boa. tu vais ver que todos nós somos apenas humanos. e sofrerás muito quando resolveres dizer só aquilo que pensas e fazer só aquilo que gostas. aí sim, todos te virarão as costas e te acharão mau por não quereres entrar na ciranda deles, compreendes?

- C. F. Abreu

quinta-feira, 3 de junho de 2010

coisa finda.

calço seu chinelo e lembro de você andando sobre meus pés cansados.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

reconciliação

quando o engôdo
cria o pranto
e todo suspiro
se torna de agonia
não acaba, amor
meu triste espanto
com um copo
de água fria.

quando a saudade
que assola à noite
incomodar no peito
de quem expia
acordará todo faceiro
a buscar por companhia

e quando este vir
que era por engano
toda a tristeza
que o erro cria
buscará no outro
a cumplicidade
no quarto escuro
ou à luz do dia

ávidos por dar as mãos
à porta se encontrarão
esperando que o outro
ria

e sentirão, ao simples tocar,
aquela deliciosa
alegria.

sábado, 27 de março de 2010

lição do dia

what matters most is how well you walk through the fire.

- charles bukowsk.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Para que me sinta menos anormal, suponho que já tenha ocorrido ao leitor o alívio e a tristeza de olhar para alguma coisa que sempre esteve entranhada em nós e, a partir de um momento nada eminente, percebê-la alheia, à parte.

Que me lembre, a primeira vez que me aconteceu foi quando minha mãe voltou de uma viagem que durou aproximadamente dois anos. Pra não se tornar mais particular, basta dizer que a estranheza que se sente nesse momento é digna de confusão e vergonha por parte de quem a 'pratica' pela primeira vez. Triste e sincera.

Sabe-se lá por que tal processo acontece, talvez seja o final, digo, o entendimento de que aquele objeto não é ou não está como nós projetamos. Acho que acontece com mais frequência do que se gostaria e menos do que deveria acontecer. À parte a desilusão, algumas vezes é possível sentir uma ponta de tranquilidade nessa prática irregular, ou seriam todas as vezes, afinal, nada melhor do que se livrar de dada ilusão.

Acontece de forma sorrateira e, geralmente, sem possível remorso duradouro: olha-se para aquilo que se amou intensamente, pisca-se, percebe-se atônito que aquilo não faz mais parte da sua lista de 'melhores', que não está no cabide das camisas favoritas, que não ocupa a melhor estante ou que não está no porta-retratos de destaque. Provavelmente, a possível frustração de não amar mais se dá pelo fato de ter realmente amado um dia. Vai saber.

Particularmente, às vezes dá vontade de sentir aquelas coisas boas novamente, mas quem sente por vontade senão aquele que anda completamente em falta consigo? Se há algum consolo, digo que, no meu caso, esse processo já se mostrou reversível, mas não gosto de apostar nisso, soa deplorável. Basta sentir-se melhor ou pior e aceitar. Como eu, sentir-se contrariado por esse e tantos outros motivos dados no dia corrente, desabafar sem esmero e ir dormir.