sábado, 27 de março de 2010

lição do dia

what matters most is how well you walk through the fire.

- charles bukowsk.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Para que me sinta menos anormal, suponho que já tenha ocorrido ao leitor o alívio e a tristeza de olhar para alguma coisa que sempre esteve entranhada em nós e, a partir de um momento nada eminente, percebê-la alheia, à parte.

Que me lembre, a primeira vez que me aconteceu foi quando minha mãe voltou de uma viagem que durou aproximadamente dois anos. Pra não se tornar mais particular, basta dizer que a estranheza que se sente nesse momento é digna de confusão e vergonha por parte de quem a 'pratica' pela primeira vez. Triste e sincera.

Sabe-se lá por que tal processo acontece, talvez seja o final, digo, o entendimento de que aquele objeto não é ou não está como nós projetamos. Acho que acontece com mais frequência do que se gostaria e menos do que deveria acontecer. À parte a desilusão, algumas vezes é possível sentir uma ponta de tranquilidade nessa prática irregular, ou seriam todas as vezes, afinal, nada melhor do que se livrar de dada ilusão.

Acontece de forma sorrateira e, geralmente, sem possível remorso duradouro: olha-se para aquilo que se amou intensamente, pisca-se, percebe-se atônito que aquilo não faz mais parte da sua lista de 'melhores', que não está no cabide das camisas favoritas, que não ocupa a melhor estante ou que não está no porta-retratos de destaque. Provavelmente, a possível frustração de não amar mais se dá pelo fato de ter realmente amado um dia. Vai saber.

Particularmente, às vezes dá vontade de sentir aquelas coisas boas novamente, mas quem sente por vontade senão aquele que anda completamente em falta consigo? Se há algum consolo, digo que, no meu caso, esse processo já se mostrou reversível, mas não gosto de apostar nisso, soa deplorável. Basta sentir-se melhor ou pior e aceitar. Como eu, sentir-se contrariado por esse e tantos outros motivos dados no dia corrente, desabafar sem esmero e ir dormir.