segunda-feira, 20 de setembro de 2010

lição do dia

esse fim de semana, tive uma conversa com meu pai, o qual não via há uns 8 meses, dado um desentendimento nosso. foi bom ver como o tempo proporciona uma dimensão que possibilita a reflexão e o amadurecimento sobre absolutamente tudo na vida. senti decerto, pela primeira vez, que fui ouvido como por quem dá ouvidos a quem tem alguma sabedoria, e respeitado como por quem oferece respeito a alguém digno desse. da mesma forma, retribuí. muito do que falei serviu, para mim mesmo, de lição, mas foi impressionante o que ouvi. Um adendo; alguém em um dia adverso anunciou 'conselho de pai: guarde consigo', ontem foi o dia em que isso mais me chamou a atenção. Enfim, o que meu velho - agora posso voltar a chamar, com carinho, de velho - contou, com o intuito de me fazer pensar sobre uma situação medonha por que passei, foi a seguinte historinha caricata de pai:

era uma vez (toda historia DEVE começar com essa expressão, segundo minha priminha) o fogo, o vento e a confiança. Os três estavam brincando de esconde-esconde numa área vasta e não conhecida por completo. a idéia parecia boa e inócua, até que a confiança sugeriu: seria muito triste se nós nos perdêssemos. Prontamente, o fogo respondeu: caso eu perceba que me perdi de vocês, encandearei e vocês me acharão. O vento completou dizendo que mandaria uma brisa mostrar a direção. quanto à Confiança, ela simplesmente ficou de olhos marejados e disse: se vocês me perderem, o que poderei fazer?

- parece bobo, sim?! espero que o eventual leitor reflita sobre isso caso sua confiança seja, um dia, violada, mas não por aquelas coisas pequenas da vida, as quais te deixam um pouco mais precavido, mas por aquelas que te fazem pagar pra sair do jogo.

sábado, 18 de setembro de 2010

divagação do dia

entre ontem e hoje me ocorreu uma daquelas coisas tristes-engraçadas, ou melhor, curiosas. Comecei a discordar de um proposição que havia adotado para a vida. Esta era meio que um axioma no meu universo de sentimentos, e foi tirada de um poemeto de agudeza desproporcional para seu tamanho. Chama-se 'Memória', de Carlos Drummond, e diz o seguinte: As coisas tangíveis/tornam-se insensíveis/à palma da mão./Mas as coisas findas,/muito mais que lindas,/essas ficarão.

para mim, era claro que, depois de terminados, relacionamentos conturbados pareceriam, na média, tempos de prazer e leveza surpreendentes, era óbvio que, depois de findos, aqueles períodos de labuta interminável para obter alguma coisa pareceriam menos árduos e mais gloriosos. Era indubitável que tudo aquilo que não existe mais parecesse ter dado mais satisfação do que realmente proporcionou enquanto estava lá. Tudo muito simples, até eu parar pra lembrar de uma série de fatos do último par de anos - nada de especial com os dois anos, além de propiciar uma amostra da qual posso observar lembranças com boa fidelidade e organizá-las numa linha temporal.

Bem, surpreendendo meu próprio e único senso, logo, comum, tive a desagradável surpresa de que minhas memórias não tem me agraciado com a devida maciez que a proposição sugere. Ficou a impressão de que certos acontecimentos foram até mais penosos do que mostraram ser na época. Tive a sensação de que achei, ao longo dessa busca quase científica, embora bastante subjetiva, um entulho de resíduos , com o qual, se eu pudesse fazer um mosaico, resultaria em uma espécie de 'potencializador de resguardo'. Um agente imaterial, o qual me tolhe moralmente, fazendo com que eu confie menos nas pessoas, espere um retorno menor do que o satisfatório das minhas empreitadas. Parece algo retroalimentável. Talvez seja uma profecia autorrealizável, talvez seja um grande desagrado com a forma com que as coisas se arranjam.

- cansei de escrever, talvez nem conclua isso.